traducir esta página Translate this Page Traduci questa pagina traduire cette page

Google-Translate-ChineseGoogle-Translate-Portuguese to FrenchGoogle-Translate-Portuguese to GermanGoogle-Translate-Portuguese to ItalianGoogle-Translate-Portuguese to JapaneseGoogle-Translate-Portuguese to EnglishGoogle-Translate-Portuguese to RussianGoogle-Translate-Portuguese to Spanish

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A MENSAGEM NA GARRAFA

por José Antonio Altmayer *
A mensagem na garrafa
Vento sul fraco, muitas nuvens e algumas pessoas ainda festejando o fim do ano e o primeiro dia de 2006 compunham o cenário na praia de manhã cedo.
O Cassino estava cheio de garrafas vazias, mostrando que o ano é novo mas o homem é o velho predador e poluidor de sempre. Na areia a marca dos cavalos de pau, impressão digital da perpetua imbecilidade ao volante.
Caminhávamos de mãos dadas, minha esposa, meu neto e eu, prenuncio concreto de um ótimo ano.
As gaivotas davam um colorido barulhento, planando contra o vento e mergulhando em busca do peixe, concorrendo com o biguá que também rondava por ali. Como sempre a conversa girava em torno das coisas do mar e sua fauna, assunto predileto do João Pedro. Águas vivas e siris, botos e imaginárias baleias se misturavam com marés e fases da lua. Cada um de nós era um bicho: golfinho, lobo do mar ou orca. E assim seguíamos pela marola até que de repente avistamos uma garrafa boiando, com uma mensagem dentro. Menos que garrafa, na verdade era um vidro de remédio bem arrolhado que mostrava conter um bilhete. Recolhemos o frasco e o levamos para casa. A imaginação correu solta e enxergamos ali um pedido de socorro de um naufrago numa ilha deserta. Ou quem sabe algum pesquisador da Antártica estudando correntes marítimas. Ou o tripulante romântico de um pesqueiro, declarando seu amor àquela que ficou em terra com o filho nos braços e olhar no horizonte longínquo. Quem sabe alguém buscando um correspondente ao acaso do outro lado do oceano. Em que língua estaria escrito? Ou seria em código a ser entendido somente por um outro espião de obscuras intenções?
Foram muitas as hipóteses. Só em casa desarrolhamos e com uma pinça, cuidadosamente, retiramos lá de dentro a mensagem, escrita em letras desenhadas.
No cabeçalho nos deparamos com o destinatário da carta: Deus.
Alguém, que assinou com iniciais, fazia ali uma oração, pedindo curas e bênçãos e sucesso em seu trabalho este ano.
Que deus seria? Talvez Netuno em sua carruagem, empunhando um tridente, senhor das marés altas e baixas da vida de cada um? Ou Deus, onipresente e assim tanto dentro como fora d´água, pronto para atender aos pedidos de seus fiéis? Ou Alá, se juntando a Jeová, para ouvir as suplicas e conseguir a paz entre os seus seguidores? Em todo caso não era dirigido para nenhum de nós, pobres mortais. Devolvemos a garrafa ao mar, com a incomoda sensação de termos violado correspondência alheia.

Nenhum comentário: