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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A LIÇÃO

por José Antonio Altmayer *
A LIÇÃO Lá nos fundos, atrás da bicicleta velha e de uns tacos de golfe enferrujados, há um baú de guardados. Para abri-lo é preciso espanar a poeira. Pequena tarefa numa grande aventura.Aventura de redescobrir nas coisas, a criança de ontem e explicar o adulto de hoje...Entre tantas coisas que lembram outras tantas, um bodoque ou atirador: uma forquilha de goiabeira, duas tiras de câmara de ar e um pedacinho de couro.E a lembrança de dois intrépidos caçadores e da primeira grande lição de ecologia de suas vidas.Eram dois Josés, um Antonio e outro Luís, com os mesmos 9 anos de idade. Primos.A fazenda pertencia ao tio Leopoldo, alemão, rude, de lides campeiras e pai de 12 filhos.Após um café da manhã do tipo colonial, saíram os dois a campo.Pendurados na cerca observaram a ordenha, tomaram leite recém tirado e ainda ajudaram na preparação das manjedouras, com feno e aipim cortado a facão.Com o nascer do sol, filtrado na névoa gelada do mês de julho, quebrando a geada com suas botas, seguiram a caminho do mato. Nas mãos um atirador e no bolso bolinhas de cinamomo. Iam determinados a uma grande caçada, ventura suprema para dois garotos de cidade soltos no campo.Após longa caminhada e várias tentativas, um João-de-Barro cai vítima de uma das bolinhas atirada por um deles. Houve um ricochete no tronco e o azar do pássaro.Orgulhosos de sua façanha, recolhem o pequeno corpo, o prendem na cintura e seguem adiante. Já com o sol alto, um belo céu azul de inverno, embarrados e cansados voltam para casa. Sem munição e carregando o troféu de sua caçada.Na cadeira de balanço, no alpendre, encontram o velho tio, que escuta em silêncio e de cenho franzido, o relato da caçada. Ao fim diz o seguinte:-"duas razões podem levar o homem a matar um animal. A fome ou o perigo. Acho que esse João-de-Barro não era uma grande ameaça. Portanto deve ter sido a fome o motivo de matá-lo. Levem-no para a cozinheira, pois esse vai ser o almoço de vocês hoje.". E na mesa farta, como era de hábito nas colônias alemãs, entre saladas, lingüiças e frangos assados, aos meninos foi servido tão somente o fruto de sua caçada: um João-de Barro, duro e descarnado.Para seu espírito lhes foi servida a inesquecível lição de amor e respeito à natureza.Foi a última vez que o bodoque foi usado e ali está, dentro do baú, entre tantas coisas que lembram outras tantas.

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