Se o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, o de próstata é o mais comum entre os homens. O diagnóstico precoce do câncer de mamam é feito pela mamografia, que é capaz de reduzir em mais de 35% a mortalidade pela doença em uma população em que o rastreamento é anual para todas as mulheres a partir do 40 anos. Esta recomendação está fundamentada por ensaios clínicos de longo prazo. Entretanto, em ralação ao câncer de próstata não existe consenso a respeito de exame de rastreamento ou screeming. Apesar e existir uma recomendação de que os homens realizem exames de toque retal e de P.S.A. a partir do 50 anos, falta comprovação de que isto reduziria a mortalidade pela doença, como acontece com mamografia e o câncer de mama.
Neste último mês de março, dois estudos, um americano e outro europeu, forma publicados em relação á dosagem de P.S.A. demonstrando, que ao contrário do esperado, o exame pode trazer mais prejuízos do que benefício. O rastreamento diagnostica mais casos de câncer de próstata, mas o diagnóstico precoce, neste caso, não reduz de forma significativa a mortalidade pela doença.Foi esta a conclusão do estudo americano. Já os pesquisadores europeus demonstraram que o exame pode reduzir em 20% a mortalidade por câncer de próstata, mas, em termos de risco individual, mesmo este benefício é pequeno. O risco de um homem morrer de câncer de próstata é de 3%, se ele fizer o exame de P.S.A. anualmente o seu risco cai para 2,4%. Em contrapartida, fazer o exame aumenta o risco de ser exposto a um tratamento agressivo, que causa impotência e incontinência urinária, para uma doença que pode não ser fatal
Isto significa que os homens não devem mais fazer o exame? Não. Estes trabalhos fornecem mais dados para que isto seja decidido junto com o médico. Para alguns, o fato de uma vida ser salva a cada 48 homens tratados, pode ser significativo, enquanto que para outros não. Para os homens mais velhos, a questão fica mais simples, pois não há indicação de realizar o exame de P.S.A. a partir dos 75 anos. O câncer de próstata tem crescimento lento e a grande maioria não é fatal. O nosso desafio no futuro é descobrir quais os realmente perigosos e decidir quem pode se beneficiar tanto do exame, como do tratamento.
(Por Beatriz Bohrer Amaral - Radiologista e Diretora da Radimagem)
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