Antes de o sol raiar na Sexta-feira Santa, os gaúchos já estão à beira das estradas para colher os cachos de macela que crescem pelos campos. Não se sabe ao certo como começou a tradição, mas a sabedoria popular reza que o orvalho desse dia santo torna o chá mais eficiente.
A macela - achyrocline satureioides - é um arbusto que costuma florescer no mês de março (o fato de a Páscoa chegar mais cedo este ano, não deve atrapalhar quem segue a tradição da colheita). A florzinha amarela de aroma agradável dessa planta é usada para fazer chás, utilizados para combater problemas gástricos e respiratórios.
Extinção
Segundo o técnico agrícola Alexandre Meneguzzo, a macela é característica da região Sul do Brasil. “Trata-se de uma planta nativa que cresce espontaneamente em todo o território gaúcho, especialmente nos Campos de Cima da Serra e estendendo-se até o Planalto Catarinense”, informa. Em entrevista à GramadoSite.com, Meneguzzo faz um apelo para que quem pretende sair em busca das flores “abençoadas” pelo orvalho da Sexta-feira Santa, preserve a sua existência. “Se forem retirados sempre os melhores cachos, a planta vai perdendo o vigor na natureza e corre risco de extinção”, diz.
Crendice
Meneguzzo atesta o poder terapêutico da macela e recomenda que a desidratação da planta seja feita à sombra. “Os raios de sol tendem a diminuir as propriedades medicinais da macela”, explica. Depois de secas, as flores podem ser armazenadas em vidros para serem utilizadas no preparo de chás. Já sobre a tradição de colher a planta na Sexta-feira Santa, o técnico agrícola reconhece que é apenas uma crendice popular. “Isso virou tradição no Rio Grande do Sul por causa da crença das pessoas”, observa. Não há registros de quando começou a tradição da colheita da macela, mas ela vem sendo transmitida de geração a geração.
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