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quinta-feira, 4 de março de 2010

Raimundos e Tico Santa Cruz dão início à turnê que passará pelo Rio dia 27, lembrando repertório antigo da banda

No início dos anos 1990, quando tocaram no Circo Voador, os Raimundos eram uma banda em ascensão, com apenas um CD. Na plateia daquele show, o primeiro deles no Rio, o adolescente Luis Guilherme assistia a Rodolfo, Digão, Canisso e Fred apresentarem petardos como “Beabá” e “Puteiro em João Pessoa”. Agora, o grupo brasiliense (consagrado como um dos maiores do rock brasileiro de sua geração) e aquele adolescente (hoje conhecido como Tico Santa Cruz, dos Detonautas) encontram-se em circunstâncias bem diferentes. No último fim de semana, com um show no interior paulista, eles deram início a uma turnê juntos, com o carioca assumindo os vocais — o Rio poderá ver o encontro dia 27 de março, no Vivo Rio. Uma ideia que nasceu num insuspeito show do Queen.

— Sempre fui meio preconceituoso com essa coisa de banda que perde o cantor e chama outro para substituir — conta Tico. — Fui ver (em dezembro de 2008) o show do Queen com Paul Rodgers nos vocais pensando assim. É uma ideia estreita, porque não leva em consideração que uma banda não é só o vocalista. Achei o show ótimo e saí pensando: “Posso fazer isso”. Aí você lembra de outras bandas que perderam os vocalistas e seguiram incríveis, como AC/DC, Iron Maiden, Faith No More...

Banda gravou três músicas com Tico nos vocais

Tico ligou para Digão, que falou com Canisso. Ambos adoraram e convocaram a banda — além de Digão (guitarra e voz) e Canisso (baixo), a formação atual tem Marquim (guitarra) e Caio (bateria) — para ver como seria tocarem juntos. Gostaram, e, no fim de 2009, fizeram seu début num festival em Brasília.

— Quando Rodolfo saiu (em 2001), perdemos não só o frontman. Porque Digão foi para os vocais, então perdemos seu backing vocal e sua guitarra (na formação sem Rodolfo, Digão só tocava guitarra ao vivo em algumas músicas) — explica Canisso. — Sempre quisemos saber como ficaria com outro vocalista e com Digão de volta à sua posição original, com sua guitarra em tempo integral.

Ficou muito pesado, todos concordam, numa conversa no estúdio Toca do Bandido, onde se internaram na semana passada, ensaiando para os shows e gravando três músicas.

— A princípio, elas serão usadas para para vender os shows, mostrar como está o som (uma delas, “Bonita”, vai ser trabalhada comercialmente) — diz Tico.

Para o detonauta, o encontro é realização de sonho de fã. E também um desafio. Primeiro, porque a voz de Tico, nota Canisso, é bem mais grave que as de Rodolfo e Digão.

— Você está dizendo que tenho voz fina? — Digão brinca, em falsete.

Para Tico, porém, a maior dificuldade é a dicção hardcore:

— É rápido para caramba! E tem palavras que são muito de um universo deles.

Para entrar no universo dos Raimundos, Tico passou uma temporada em Brasília.

— Mostramos a ele uma Brasília diferente da que ele conhece de ficar lá xingando os políticos — brinca Digão, referindo-se ao perfil engajado de Tico.

Lá, Tico se aproximou do contexto no qual muitas das músicas dos Raimundos foram feitas e soube a origem de versos como “Tem quatro santos, três queimando o kunk”, de “Baile funky”.

— Me mostraram que, de um certo ângulo, três santos que estão na frente da Catedral de Brasília parecem fumar maconha — explica Tico.

A formação tem caráter especial, já que Detonautas e Raimundos (sem Tico) mantêm suas agendas normais. O sentido do encontro, eles explicam quase em uníssono, é a diversão. E, acrescentam, o desejo de chamar a atenção para a originalíssima obra dos Raimundos — uma abordagem pesada de uma tradição de escracho da música popularzona brasileira (das cidades do interior, das favelas, das rádios AM).

— Tem uma molecada que é fã e nunca foi a um show dos Raimundos — nota Digão.

O repertório do encontro, que não terá, por enquanto, nada inédito, traz músicas que os Raimundos não tocavam ao vivo há tempos — ou que nunca tocaram. Entre elas, “Herbocinética”, “Baile funky”, “Nariz de doze” e “Andar na pedra”. Esta última, Canisso lembra, foi composta numa ocasião curiosa:

— Eu e Digão nos cruzamos fazendo uma trilha em Brasília. Não sabia que ele estava na cidade, nem ele sabia de mim, era quase impossível que nos cruzássemos. Então falamos: “Temos que fazer uma música”.

O baixista diz que não acredita em coincidências e conta que a relação Raimundos-Tico é “uma história repleta de sinais”. Logo após aquele primeiro show no Circo Voador, Tico foi, sem saber, para uma festa na qual a banda também estava. Mas era só o começo:

— Toquei nos Detonautas, substituindo Tchello. E foi o Tico quem ligou para o Rodolfo para sugerir meu nome para o Rodox — lembra Canisso.

Shows e ensaios gravados para possível DVD

Na linha não-acredito-em-coincidências, Tico recorda uma apresentação dos Voluntários da Pátria, seu grupo de poesia, que acabou sendo o embrião da reunião que agora vai rodar o país:

— Um dos poetas puxou uma música dos Raimundos. E, ninguém sabia, o Digão estava lá. Acabamos tocando juntos “Eu quero ver o oco” no violão.

A vontade da banda é registrar a turnê num DVD — ensaios e shows estão sendo gravados. Mas eles não querem definir como será o futuro — “Quem sabe os Raimundos não farão uma turnê ‘Hardcore da melhor idade?’”, brinca Canisso. Preferem tocar e deixar acontecer.

— Nas próprias comunidades de fãs do Raimundos havia muita resistência ao meu nome. Transmitimos um ensaio ao vivo na internet e, pela reação, já vi que isso está mudando.

O que eles sabem é que a experiência já nasce marcante para ambos os lados. Tico resume essa ideia numa fala:

— Todas as tatuagens no meu corpo se referem a momentos da minha vida. Quero daqui a alguns anos ter o símbolo dos Raimundos tatuado.

***

Ao vivo é mais ou menos assim (o áudio está ruim, mas a pressão é essa):




Fonte: O Globo

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