O cheiro do café-com-leite me trouxe a lembrança de quando eu apenas assistia a tudo. Não tinha opinião. Não tinha querer, senão à vontade de olhar.
Meu irmão estava debruçado sobre a mesa da cozinha desenhando projetos de não sei o quê para uma aula que não lembro a qual. Nunca entendia aquilo mesmo, achava bonito só. Gostava mais de ver os quilos e quilos de farelo de borracha que caiam como neve ali de cima. O aroma era bem característico, misturado com o odor de cera do piso de paquê que vinha da sala, era ótimo. Eu gostava. Era minha droga alternativa. Ficava ali, olhando com os pés balançando, sentado sobre as mãos, na cadeira. Tinha dias que mudava o cômodo, mudava o personagem e lá estava a mãe costurando roupas... Remendando... Eu ficava ali pensando: Será que um dia terei essa habilidade em fazer isso com outras coisas senão tecidos? Seria tão fácil se pudesse fazer isso com situações, pessoas, sentimentos...
Boas recordações do barulho e da música daquelas tardes. Do silêncio daquelas noites...
...Infelizmente o tempo passou e nem tudo ficou. Sinto falta do cheiro, dos mimos, das noites e do futebol.
Seria essa a obra da vida?
sexta-feira, 7 de maio de 2010
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