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terça-feira, 14 de setembro de 2010

O verbo "existir"

"existe pessoas" ou "existem pessoas?"?


Já comentamos várias vezes, no "Nossa Língua Portuguesa", que no Brasil, na língua do dia-a-dia, a concordância nem sempre é respeitada. O verbo "existir" é umas principais vítimas desse desrespeito. Tomemos a letra de uma canção, "Firmamento", gravada pelo Cidade Negra, para exemplificar o seu funcionamento:

... você não sai da minha cabeça
e minha mente voa
Você não sai, não sai, não sai, não sai...
Entre o céu e o firmamento
existem mais coisas do que julga
o nosso próprio pensar
que vagam como o vento
e aquele sentimento de amor eterno
Entre o céu e o firmamento
existem mais coisas do que julga
o nosso próprio entendimento
que vagam como o vento
e aquele juramento de amor eterno.

Está corretíssima a construção "existem mais coisas". O verbo "existir" sempre tem sujeito e, portanto, deve concordar com ele. Se o sujeito é plural, esse verbo também deve aparecer no plural:

existem coisas
existem pessoas
existem situações

Vamos ver outro verbo que nem sempre anda na linha. A canção é "O ponteiro tá subindo", gravada pelo Camisa de Vênus:

Olhei para o relógio
e já era quase três
o que aconteceu
eu vou contar para vocês
e eu tentando entender
fazendo rock’n’roll
até o amanhecer.

Na letra do Camisa de Vênus o ponteiro pode estar subindo, subindo, mas a concordância desceu a ladeira. No verso "e já era quase três", uma referência a horário, a concordância não foi corretamente observada. O verbo "ser", na indicação de horário, deve concordar com o número de horas:

já é uma hora
já são duas horas
já são três horas

Sempre é bom lembrar que a concordância com meio-dia, meia-noite e uma hora é feita sempre no singular:

Já é meio-dia
Já é meia-noite
Já é meio-dia e quarenta e sete
Já é uma e quinze

Mais alguns exemplos:

Duas e cinco = são duas e cinco
Uma e cinco = é uma e cinco
Cinco para as duas = são cinco para as duas / faltam cinco para as duas

Fonte: TV Cultura - Alô Escola

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